Terminar um relacionamento pode parecer assustador, especialmente quando há filhos envolvidos e preocupações financeiras pesam na balança. Para muitas mulheres, o medo do desconhecido e a insegurança sobre a estabilidade financeira são barreiras significativas para dar esse passo. No entanto, é crucial entender que a manutenção de uma vida digna para você e seus filhos é um direito, e os alimentos devem englobar todas as despesas necessárias para garantir isso.
Por essa razão, o primeiro passo é entender a composição de todos os gastos dessa nova configuração familiar, sem desprezar qualquer custo por menor que seja.
Anote todas as despesas, guarde todos os comprovantes, o real conhecimento da sua situação financeira e de seus filhos, é o primeiro passo que você deve dar em direção a sua nova vida.
Compreendendo os “Gastos Invisíveis”
Ao considerar a separação, é essencial ter uma visão clara dos “gastos invisíveis” que muitas vezes não são contabilizados diretamente, mas que impactam significativamente o orçamento familiar.
É claro que cada orçamento familiar é único, na medida em que levará em conta a renda de cada um dos genitores e o padrão de vida que estão acostumados a proporcionar para seus filhos, e é óbvio que existem famílias cujos filhos sempre estudaram em escolas particulares, fizeram cursos extracurriculares e outras em que a criança desde sempre estudou em escola pública e a família sequer tinha condição de lhe proporcionar um plano de saúde.
Porém, seja qual for o seu padrão de vida, o objetivo ao fim do relacionamento, é que seus filhos não tenham um sofrimento adicional de ter sua rotina de vida alterada por força da decisão de seus pais de viverem separados.
E é por essa razão, que é fundamental que se tenha o controle de tudo que se gasta na manutenção dessa rotina de vida, desde os gastos fundamentais, com alimentação, educação, saúde e vestuário, mas também aqueles gastos que vão além do básico e que muitas vezes se tornam “invisíveis” a quem está fora da rotina familiar, e incluem despesas como:
- Despesas e Cuidados com a Casa: Para uma mãe que trabalha fora, a ajuda com os cuidados da casa é muitas vezes indispensável. Desse modo, se uma faxineira é necessária para manter o lar em ordem, esse custo deve ser partilhado, pois beneficia a todos que vivem ali. Assim, não apenas as despesas comuns (água, luz, gás, condomínio, aluguel), mas todas as que sejam necessárias a manutenção regular do lar, devem ser ponderadas, pois revertem em benefício de todos e por isso, a quota-parte do filho a ser pensionado nas despesas da casa onde reside, deve ser também considerada na pensão a ser paga.
- Despesas de Lazer: Serviços de internet, streaming e atividades de lazer são parte integrante de uma vida saudável. Esses custos devem ser considerados na divisão de despesas entre os genitores, pois contribuem para o bem-estar de todos.
- Gastos Sociais: As crianças frequentemente participam de eventos sociais, como festas de aniversário dos amiguinhos da escola. O custo de presentes e outras despesas associadas também devem ser reconhecidos como parte do orçamento familiar, se essa rotina integra a vida da família.
Um Olhar Humano e Equitativo do Poder Judiciário
É fundamental que o Poder Judiciário adote uma abordagem humana e equitativa ao avaliar as necessidades de uma criança e o papel do guardião principal.
Quando a guarda não é compartilhada ou ainda quando seja, mas não ocorra alternância de residência por tempo significativo, o guardião (exclusivo ou principal), geralmente a mãe, dedica a maior parte de seu tempo ao cuidado dos filhos, muitas vezes em jornadas exaustivas.
Essa dedicação precisa ser reconhecida e apoiada financeiramente de maneira justa.
Desmistificando a Romantização da Maternidade
A escolha pela maternidade não deve ser romantizada como uma justificativa para a sobrecarga feminina. Até mesmo porque onde há uma mulher que escolheu ser mãe, há um homem que escolheu ser pai, ou, no mínimo, duas pessoas que permitiram que isso acontecesse.
É portanto, vital reconhecer que as responsabilidades parentais devem ser compartilhadas de forma justa e proporcional entre ambos os pais, e que o apoio financeiro adequado é uma parte crucial desse equilíbrio.
A sociedade deve valorizar e apoiar as mães que enfrentam a tarefa monumental de criar filhos praticamente sozinhas, muitas vezes em detrimento de suas próprias carreiras e bem-estar pessoal.
Conclusão
Enfrentar o fim de um relacionamento não deve ser um caminho solitário ou temido. Com o apoio adequado e uma compreensão clara dos direitos financeiros, é possível garantir uma vida digna e equilibrada para você e seus filhos.
Lembre-se, buscar justiça e equidade é não apenas um direito, mas uma necessidade para construir um futuro melhor.